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22 – Footloose – Ritmo Louco

footloose_posterAlguns gêneros são como monstros de filme de horror: morrem, mas sempre dão um jeitinho de voltar do além, para mais um sustinho. Isso vale para o western, para as fitas de boxe ou de gângster, mas principalmente para o musical. Na década de 1930 eram produzidos mais de uma centena por ano. A Era de Ouro, nos anos 50, legou clássicos como Cantando na Chuva e Sinfonia de Paris. Naqueles tempos, havia gente do quilate dos Irmãos Gershwin e Cole Porter compondo as músicas, enquanto nomes como Gene Kelly, Rita Hayworth, Fred Astaire, Ginger Rogers e Cyd Charrisse brilhavam em frente às câmeras.

O novo cinema surgido com a década de 60 sepultou o musical. Durante aqueles anos cínicos deixou de haver espaço para a ingenuidade do gênero. O que não impediu que eventualmente aparecesse um ou outro nome criativo disposto a injetar um breve sopro de vida no formato: Bob Fosse, com Cabaret e All That Jazz, foi o que melhor pintou a partir de então.

Surgem os anos 80, repletos de neon, cabelos espetados e sintetizadores. Em 1984, foram realizadas algumas tentativas de se adaptar o musical aos novos tempos. A mais bem-sucedida foi Footloose – Ritmo Louco, sétima maior bilheteria em um ano bastante concorrido. Kevin Bacon é um garoto da cidade grande que se muda para uma biboca no interior. Logo de cara, resolve chacoalhar com a pasmaceira local, organizando um baile. Não demora a descobrir que a dança é proibida na cidade: o responsável pelo improvável banimento é o reverendo interpretado por John Lithgow. Bacon declara guerra contra o conservadorismo, tentando trazer a dança de volta à cidade, enquanto conquista o coração da filha do missionário.

Uma das maiores razões para o êxito de Footloose é sua trilha sonora, repleta de hits da época. O sucesso foi tanto que o disco ganhou cadeira cativa no hall of fame do rock: figura na posição 134 do concorrido ranking. A canção-título, na voz de Kenny Loggins, explodiu nas rádios. Mas se formos falar de anos 80, nada nessa trilha é mais representativo do que Holding Out For a Hero.

Os produtores de Footloose pediram ao hitmaker Jim Steinman que providenciasse uma canção para a absurda sequência em que dois jovens dirigem tratores um contra o outro, a fim de testar qual é o mais corajoso. Bacon, um dos competidores, acaba ganhando a parada, mas somente porque o cadarço de seu tênis fica preso em um dos pedais, impedindo-o de brecar. Sim, ele fica com o pé preso em um filme chamado Footloose. Aqui temos a sequência completa.

Steinman convocou Bonnie Tyler para os vocais. Já havia trabalhado com220px-Bonnie_Tyler_Holding_a_Hero a loura de voz rouca e cabelos laqueados no ano anterior, quando juntos deram a luz à lendária Total Eclipse of the Heart. A receita que tornaria Steinman um zilionário, e que ele repetiria com Meatloaf, fazendo ainda mais sucesso, consistia de power ballads repletas de tecladinhos, refrões melosos, gritados como se o Apocalipse estivesse batendo na porta. Tudo emoldurado pelo que de melhor os anos 80 poderiam fornecer em matéria de videoclipe, como é possível conferir aqui, no clip original de Holding Out… A bagaceirice adquiriu um novo padrão estético a partir de então.

O compositor ainda emplacaria outra música na trilha de outra tentativa de ressurreição do musical em 84: Ruas de Fogo, de Walter Hill. Esse  aí foi um fracasso total, de crítica e público. Mas Steinman estava lá garantindo o $eu, com Tonight is What to Mean to be Young.

Putz, e ainda teríamos Prince com seu Purple Rain neste fatídico 1984! Pelo menos nessa o Steinman não tava.

Footloose foi refilmado em 2011, em meio a uma onda de remakes dos anos 80. A falta de ideias é tanta que copiaram a cena de abertura e até a logotipia do original.

Trailer do Footloose original.