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TWANG!

tiozãoReparem nesse tiozão bem comportado, que mais parece um astrofísico dando entrevista em algum programa sobre o big bang no Discovery. Olhando para esse sujeito de aparência tão distinta e inofensiva, você seria capaz de imaginar que ele foi uma das principais influências sobre um conjunto tão heterogêneo de guitarristas, como Ritchie Blackmore, Peter Frampton, Peter Green, Tony Iommi, Mark Knopfler, Brian May, Andy Summers, Neil Young e Frank Zappa?!

Nascido Brian Rankin, em Newscastle, Hank Marvin começou tocando ainda adolescente nos Drifters, grupo que servia como apoio para os vocais de Cliff Richards, estrela ascendente no rock inglês, em 1959. Depois mudariam o nome da banda para The Shadows, ainda com Richards nos vocais. Nessa época Marvin adotaria o estilo nerd careta e inofensivo a lá Buddy Holly, com direito até aos indefectíveis óculos fundo de garrafa, que mantém até hoje. Após a saída de Richards, que seguiu em carreira solo, osA-82605-1435411331-9199.jpeg Shadows se reinventaram como grupo instrumental, em uma espécie de simplificação roqueira das big bands, optando pela formação que depois se tornaria clássica no rock – duas guitarras, baixo e bateria. Havia mercado para a música instrumental na época, as onipresentes coletâneas do Ray Coniff recheados de Besame Mucho e Tema de Lara vendiam mais que álcool gel em época de pandemia (você certamente já viu um desses velhos LP’s na casa de alguém). Marvin e seus companheiros apostaram que também haveria espaço para o rock instrumental, com as guitarras cantando no lugar da voz humana.

the-best-of-the-shadows-album-cover-sticker__69276.1540254335O sucesso veio rápido, com hits como Apache, Walk Don’t Run, F.B.I., Wonderful Land e Atlantis. Logo, outras bandas e artistas viriam explorar o filão aberto pelos ingleses – Dick Dale, Duane Eddy, e The Ventures. As guitarras ostentavam um timbre bastante característico, o twang, espécie de ressonância anasalada que algumas Fender e Gretsch apresentam na vibração das cordas. Em conjunto com os amplificadores VOX, o som resultante se tornou a assinatura da chamada surf music. No Brasil, alguns grupos também se aventuraram pelo gênero, na virada das décadas de 1950 para 1960, como The Jordans e The Jet Blacks. Você pode ler mais a respeito deles nesse artigo da Superinteressante.

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Um dos principais motivos da enorme influência que Hank Marvin exerceu sobre toda uma geração de guitarristas amadores que iniciava nos anos 60 foi seu estilo simples de tocar, com uma digitação bem marcada, ideal para quem está aprendendo os fundamentos do instrumento. Ouvindo as músicas dos Shadows, é fácil identificar e reproduzir técnicas essenciais como o bend, o hammer on ou o pull off.

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Tocando seu feijãozinho com arroz de maneira clara e sem grandes arroubos virtuosísticos, o que Marvin e sua strato vermelha fizeram foi mostrar os primeiros passos para a rapaziada que sonhava em sair do seu quarto e ganhar as gravadoras e as arenas. Em 1996, esse pessoal gravou um álbum, TWANG!, uma coletânea só de covers dos Shadows, para demonstrar toda sua gratidão ao mestre.